quinta-feira, 17 de julho de 2014

Os Atabaques

Eram utilizados pelos nossos indígenas pela tradição afro-brasileira, para cerimônias religiosas, e pelos negros que aqui chegaram, com o mesmo objetivo. 
Os leigos admitem como folclórico o toque do tambor, mas os adeptos sentem em cada batida a vibração com seus Guias Espirituais. Seja em ritmo lento, rápido ou cadenciado, o atabaque de Umbanda é comunicação entre espírito e matéria. Seu toque contínuo durante a sessão proporciona o elo do transe mediúnico dos filhos e Zeladores de Santo. Isso acontece pela necessidade do médium ter estímulos auditivos e sensoriais para que esta Entidade possa ser chamada a sessão.
 É feito de couro, com bases em caixas cilíndricas de madeira e conduz a Terra os Espíritos de Luz, que são invocados para trabalhar.
Apenas pessoas autorizadas e preparadas devem tocar em um atabaque dentro do terreiro, pois este é um instrumento sagrado de energia sonora aos Guias. Apesar de infelizmente ainda existir arrogância dentro das religiões, dentro da Umbanda, o termo para os batedores é Ogã. Não renegamos uma coroa de Ogã, sendo que hoje em muitos terreiros, já se pode ver exímias Ogãs mulheres. Deixamos o preconceitos para os desconhecedores das Leis do Carma humano, e se o Plano Espiritual concedeu a uma mulher a missão de bater no couro do atabaque, lhe permitimos cumprir sua missão.
Apesar de muitas dúvidas por parte de adeptos, o (ou a) Ogã deve ter conhecimento igualado ao do Pai/Mãe de Santo, devendo ter conhecimento dos fundamentos, saber os pontos de todas Entidades,  a hora certa para tocá-los e ficar atento aos médiuns, pois além da vibração incorporativa, outros ritos são aplicados, como defumação, bater cabeça etc.
Salve a Coroa de todos os Ogãs!




segunda-feira, 14 de julho de 2014

Pemba na Umbanda

 A Pemba (giz de calcário em forma cônico-arredondada) é uma ferramenta indispensável nos rituais de Umbanda (e nos cultos afro-brasileiros em geral). Sua função é grafar os Pontos Riscados dos Orixás e Entidades, no intuito de circundar  e proteger aquele local para a realização de uma sessão ou ritual.Em alguns casos, a própria Entidade raspa a pemba, para extrair seu pó e utilizá-la como próprio material de magia. 
 A pemba quando cruzada por uma Entidade, se torna uma poderosa ferramenta de atração energética. Quando Um Orixá ou Guardião risca seu ponto, forma um elo com o plano espiritual, como um ponto de concentração que vem do minério utilizado para riscá-lo (pemba) e a grafia , que pode ser feita no chão ou na madeira.
 Este termo também corresponde à Lei Maior, lembrando que os trabalhadores da Umbanda são chamados 'filhos de pemba'.
 A cor varia de acordo com a própria Entidade e fundamento de cada casa, sendo em geral branca, mas também utilizada nas cores verde (caboclos), vermelha (exú e pombagiras), marrom (preto velho), amarelo (Oxum) e assim por diante.
 O mais importante é ter responsabilidade para manusear este material, e respeitar que, de fato, apenas a própria Entidade pode utilizá-la, salvo sob autorização.
 É obrigação de cada membro de um terreiro ter consciência da força cedida por esta ferramenta, que com toda certeza é parte indispensável de qualquer cerimônia ritualística.

HISTÓRIA DA PEMBA

Maria Pemba era o nome de uma gentil filha do Soba Li-u-Thab. Poderoso dono de grande região e exercendo a sua autoridade sobre um grande número de tribos. Maria Pemba estava destinada a ser conservada virgem para ser oferecida às divindades da tribo, acontece porém que um audaz jovem estrangeiro, conseguiu penetrar nos sertões da África, e enamorou-se perdidamente de Maria Pemba e ela por sua vez, correspondeu fervorosamente a este amor e durante algum tempo gozaram as delícias que estão reservadas aos que se amam.
Porém, não há bem que sempre dure, e o Soba poderoso foi sabedor deste amor e então, numa noite de Luar mandou degolar o jovem estrangeiro e também que lançassem o seu corpo no Rio Sagrado U SIL, para que os crocodilos o devorassem.
Não se pode descrever o desespero de Maria Pemba, que como prova da sua dor esfregava todas as manhãs o seu corpo e rosto com o pó extraído dos Montes Brancos Kabanda e à noite, para que seu pai não soubesse dessa sua demonstração de pesar pela morte de seu amante, lavava-se nas margens do rio divino. Assim fez durante algum tempo, porém, um dia as pessoas de sua tribo que sabiam desta paixão e que assistiam ao seu banho, viram com assombro que ela se elevava no espaço ficando em seu lugar uma grande quantidade de massa branca lembrando um tubo.
Apavorados, correram a contar ao Soba o que viram, e este, desesperado quis mandar degolar todos, porém, como eles tinham passado o pó deixado por ela no rio, nas suas mãos e corpo, notaram que a cólera do Soba se esvaía tornando-se bom, e não castigando os seus servos.
Começou a correr a fama das qualidades milagrosas da massa deixada por Maria Pemba e, com o nome simples de Pemba, esta atravessou muitas gerações, chegando até aos nossos dias, prestando grandes benefícios àqueles que dela se têm utilizado.